15 novembro 2012

"Malunguinho" será lançado no dia da Consciência Negra


Divindade, guerreiro, negro e ícone da resistência quilombola no Recife. Por quase 150 anos Malunguinho vem sendo cultuado nos terreiros de Jurema Sagrada do Nordeste, mas ainda é desconhecido do povo e ignorado pela branca historiografia oficial do Brasil. No Dia da Consciência Negra, nesta terça-feira (20), ele ganha um filme homônimo que estreia no Cinema São Luiz, às 19h.

O documentário reproduz o que seria a rotina dos quilombolas do século 19 nas matas pernambucanas ao mesmo tempo em que apresenta o culto da Jurema (religião de matriz indígena com influência africana) numa observação sensorial de três terreiros da região metropolitana do Recife. As imagens são entrecortadas pelos estudiosos e praticantes da Jurema João Monteiro, Alexandre L'Omi L'Odò e Sandro de Jucá em entrevistas sobre o papel marginal dado aos quilombos nos documentos e livros de história.

“Malunguinho” é uma produção do Coletivo Asterisco idelizada pelo grupo do Quilombo Cultural Malunguinho e dirigida por Felipe Peres Calheiros (Até Onde a Vista Alcança, 2007, e Acercadacana, 2010), diretor cuja filmografia tem estreitado relação com a militância em prol dos direitos humanos. “As feridas da escravidão e da violência branca ainda não estancaram em nosso País. Basta observar o mundo e analisar os indicadores sociais para noticiar a permanência da exclusão dos negros e índios”, diz.

Selecionado como produto para televisão em edital do Funcultura de 2010, o média de 48 minutos também será exibido, na terça (20), na TV Universitária, às 21h, e passa no mesmo dia no Cinema da Fundação, às 9h, para alunos da rede pública. Em 2013, um curta-metragem com proposta mais experimental e novas imagens de “Malunguinho” deve circular nos festivais de cinema.

HISTÓRIA - Malunguinho liderou o quilombo do Catucá, nos arredores de Recife, no início do século 19. O enfrentamento de tropas e os diversos saques promovidos pelo seu grupo ficaram registrados na correspondência entre as autoridades da época, em documentos históricos guardados no Arquivo Público de Pernambuco e ainda não totalmente pesquisados. Após seu assassinato em 1835, o líder quilombola passou a ser cultuado pelos praticantes da Jurema Sagrada, segundo os pesquisadores do projeto, que defendem a sua inclusão no panteão dos heróis da pátria, ao lado de Zumbi dos Palmares.

Ficha Técnica
Direção: Felipe Peres Calheiros
Produção executiva: Diego Medeiros
Roteiro: Felipe Peres Calheiros, Paulo Sano e Sérgio Santos
Produção: Natali Assunção e Andrenalina
Fotografia: Luís Henrique Leal
Assistência de câmera: Rafael Cabral
Direção de arte: Sergio Santos
Som direto e edição de áudio: Rafael Travassos e Nicolau Domingues
Montagem e finalização: Paulo Sano
Correção de cor: Pablo Nóbrega
Projeto Gráfico: Gilmar Rodrigues
Pesquisa: Alexandre L'Omi L'Odò e João Monteiro
Preparação de elenco: Edinaldo Ribeiro
Figurino: Francis de Souza
Motorista: Marcão
Elenco: Antônio Carlos dos Santos, Jamila Marques, Luciano Santana, Patrícia Nascimento (Diva), Paulo Queiroz, Verônica Santos, Yury Matias